quarta-feira, 27 de junho de 2012

Trabalho de Campo - Franz Boas

Como podemos ver ao longo de nossos estudos, Franz Boas e Bronislaw Malinowiski foram os fundadores do trabalho de campo na Antropologia. Rompendo com os laços evolucionistas, estes pensadores propõem o estudo aprofundado, contínuo, baseado interação e observação direta de pequenas sociedades não ocidentais.

Franz Boas ancorou-se em um dos pontos mais importantes da etnografia: a observação participante. A partir dela surgem as anotações, os diários de campo, depoimentos, as entrevistas, os registro através de vídeo/fotografia  enfim a coleta de dados do grupo estudado. Através desses dados é que o antropólogo põe-se a 'escrever sobre a cultura em questão ou a prática cultural então observada' (lembrando Geertz, 1978).

Em outras palavras, o autor em questão acreditava que essa coleta minuciosa de dados culturais, obtidos nas pesquisas de campo, permitiria com que se tornasse possível ter um melhor conhecimento da vida dos mais variados povos. Quanto maior for o contato com os nativos maior será a chance de interpretar suas vidas (costumes, crenças) de maneira mais próxima a verdade.

Destacando o trecho seguinte, podemos entender o quanto era especial e de muita importância o envolvimento profundo com a cultura estudada, a ponto de que fosse se despindo o antropólogo de outrora e novas roupas fossem lhe cabendo, a cada detalhe incorporado.

| "Eu não tinha interesse por bruxaria quando fui para a terra Zande, mas os Azande tinha; de forma que tive de me deixar guiar por eles." (Evans Pritchard, 1978) |

Estudos apontam que Franz Boas  interessou-se pela Costa Noroeste dos EUA. Segundo ele, as migrações ao longo da linha costeira poderiam facilitar um “intercâmbio” cultural por difusão entre Velho e Novo Mundo.


Aluna: Marina Cavalcante

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Produção Bibliográfica - Franz Boas


Produção Bibliográfica - Franz Boas
 (Minden, 9 de julho de 1858 - Nova Iorque, 21 de dezembro de 1942).


Em português:
  • 1938, A Mente do Ser Primitivo, RJ, Vozes, 2010. 
  •   MOURA, Margarida Maria. “Nascimento da antropologia cultural: a obra de Franz Boas." São Paulo: Ed. Hucitec, 2004.
Comentadores: 
  • Stocking Jr., George W. (org.) Franz Boas: a formação da antropologia americana 1883-1911. RJ Contraponto Editora/ UFRJ, 2004.
  • Castro, Celso. (org.) Antropologia cultural / Franz Boas. RJ, Zahar, 2010.

Em espanhol:
  • Franz Boas: textos de antropología, Editorial Centro de Estudios Ramón Areces, Madrid, 2008.
  • "The Relation of Darwin to Anthropology" (La relación de Darwin y la antropología) notes for a lecture; Boas papers (B/B61.5) American Philosophical Society, Philadelphia. Published on line with Herbert Lewis 2001b.
  • 1911, The Mind of Primitive Man (La mente del hombre primitivo).“A mente do homem primitivo”.
  • 1928, Anthropology and Modern Life (Antropología y vida moderna) (2004 ed.). “Antropologia e vida moderna”.
  • 1940, Race, Language, and Culture (La raza, el lenguaje y la cultura) “Raça, linguagem e cultura”.
  • 1947, El Arte Primitivo. “A arte primitiva”. 

Aluno: Marcus André 

sábado, 23 de junho de 2012

Principais Conceitos na obra de Franz Boas



Evolucionismo/Novo método: Apesar de não ser um conceito criado por Boas, entender o que é evolucionismo é fundamental na compreensão de uma parte de sua obra. Em seu texto “As limitações do método comparativo da Antropologia”, Boas critica o método até então usada pelos evolucionistas.
O Evolucionismo, que foi impulsionado pela teoria de Darwin, buscava descobrir as leis uniformes da evolução humana. Segundo os evolucionistas, a mente humana possuiria um funcionamento uniforme, desta forma todas as sociedades humanas teriam que passar obrigatoriamente pelos mesmos estágios obrigatórios e sucessivos. Através da comparação entre os diferentes costumes dos povos, buscavam esclarecer este caminho percorrido pela evolução humana. A crítica de Boas residia na metodologia usada pelos evolucionistas. Para Boas não era possível apresentar provas de que o mesmo fenômeno cultural necessariamente se desenvolveria em todos os lugares da mesma forma. Era uma pretensão muito grande tentar analisar a evolução em todas as sociedades humanas.


Difusionismo: Também não é um conceito criado por Boas, mas semelhante ao conceito de evolucionismo, faz-se necessário entendê-lo, pois é outra teoria que dialoga com os estudos boasianos. A teoria difusionista é semelhante a teoria evolucionista, contudo seu peso explicativo reside na ideia de difusão cultural.
Diferente dos evolucionistas que acreditavam que os fenômenos culturais semelhantes haviam se desenvolvido em regiões geográficas distantes devido ao único caminho evolutivo da raça humana, os difusionistas acreditavam na existência de uma difusão de elementos culturais entre esses mesmos lugares seja através do comércio, guerras ou viagens. Certos autores difusionistas acreditavam que o Egito antigo foi o grande centro de difusão cultural, que a partir dele a civilização humana teria se irradiado por todo o globo.

Particularismo Histórico: Esta era a teoria dada por Boas como alternativa para o evolucionismo. Seu fundamento estava na ideia de que para se obter uma compreensão mais geral das culturas era necessário iniciar o estudo pelo particular. Vemos então que este método pode ser descrito como sendo empirista e diacrônico.
Para Boas, a história da civilização humana não poderia ser entendida exclusivamente através de uma necessidade psicológica que levaria a uma evolução única da mente humana. Era necessário entender primeiramente a história cultural de cada grupo, perceber suas influências internas e externas pela qual passaram para então entendê-los. Seria impossível entender a história de um povo somente se baseando em um único sistema evolucionário.

Cultura: Para Boas a cultura era o elemento explicativo da diversidade humana. No sentido norte americano, cultura se torna um conceito mais abrangente do que o conceito de sociedade. A cultura no caso seria tudo que os seres humanos criaram inclusive a sociedade. É importante frisarmos que Boas usa o termo culturas devido a sua teoria do relativismo cultural, pois segundo ele cada povo possuiria uma singularidade cultural. Diferentemente vemos o termo cultura (aqui no singular), usado pelos evolucionistas, pois segundos estes teóricos, a cultura humana seria única devido ao seu desenvolvimento unilinear. De maneira resumida, Boas entendia a cultura como a lente pela qual cada um de nós enxerga a sociedade e pela qual estaríamos presos à ela através dos grilhões da tradição.

Raça: Para Boas, o conceito de raça na verdade seria uma classificação não científica dos traços físicos superficiais que possuímos. Vemos em seus textos que Boas não faz uso do termo raça, mas do termo formas corporais. A ideia de raça na verdade era uma construção de tipos ideais locais baseados em características físicas semelhantes, sendo estes retirados de localidades comuns. Porém Boas ressalta que por mais fisicamente semelhantes um grupo de pessoas seja, haverá inúmeros indivíduos na qual esta descrição não poderia caber.


Fontes:

BOAS, Franz. Antropologia Cultural. Tradução: Celso Castro. 6ed. Rio de Janeiro, Zahar, 2010.

ERIKSEN, Thomas H. NIELSEN, Finn S. História da Antropologia. Tradução: Euclides Luiz Calloni. Petrópolis, Editora Vozes, 2007.

Emanuel Thiago da S. Vieira


sexta-feira, 22 de junho de 2012

Fontes Teóricas Franz Boas



Em 1881, Boas concluiu seus estudos universitários com uma dissertação sobre a absorção da luz pela água. Data dessa época seu interesse pela psicofísica (desenvolvida por Gustav Fechner), disciplina que buscava compreender a relação entre sensações físicas e percepção psicológica

No entanto, insatisfeito com a carreira de físico, mudou seu interesse para a geografia, em parte por influencia do geógrafo Theobald Fischer, seu professor em Kiel e de quem se tornaria amigo.

Após prestar um ano de serviço militar obrigatório,mudou-se para Berlim, onde conheceu Adolf Bastian (1826-1905), patriarca da antropologia alemã e então diretor do Museum fur volkerkunde (museu do folclore), e por ele fundado em 1873 e ao qual boas ficou provisoria mente ligado.

Nessa época, também estudou técnicas de medições então característica da antropologia física, com o médico anatomista Rudolf Virchow (1821-1902).

Marie visitava a Alemanha em companhia de sua mãe e de um amigo da família, Abraham Jacobi, coincidentemente, tio materno de Boas que também se mudara para Nova York ( no futuro, Jacobi seria de grande importância para o sobrinho, inclusive ajudando-o financeiramente)..

Em 20 de junho de 1883, Boas partiu para sua expedição aos esquimós. Por insistência do pai, ia acompanhado por um empregado da família, Wilhelm Weike, da sua idade.

Daí partiu para um trabalho temporário como assistente de Frederick W. Putmam na seção de antropologia da World´s Columbiam Exposition, que celebrava os quatrocentos anos da chegada de Colombo à América.

Em 1896 , finalmente Boas conseguiu um emprego estável, sendo contratado para trabalhar na curadoria das coleções etnológicas do American Museum of Natural History, em Nova York. A instituição estava sedo revitalizada sob a liderança ( e com os recursos ) do milionario Morris K. Jesup. Boas convenceu Jesup a financiar uma ampla pesquisa coletiva para investigaras afinidadese reaçõesentreos povos da Asia e do Noroeste norte Americano _ que ficou conhecida como a Jesup North Pacific Expedition.


Bibliografia: fraz Boas Antropologia Cultural


Emanuella Soares de Oliveira

terça-feira, 29 de maio de 2012

Trabalho de Campo


Trabalho de campo

Neste tópico falaremos um pouco sobre o trabalho de campo de Malinowski, destacando seus estudos em Nova Guiné. Para começar, é importate ressaltarmos que o autor teve muitas dificuldades ao chegar na região, pois não sabia quase nada dos nativos, e os brancos que habitavam no local também tinham pouquíssimas informações deles. Os primeiros cumprimentos de Malinowski com os nativos da região aconteceram em inglês pidgin, que era um inglês modificado e mais simples e que era usado como língua franca em várias regiões do Pacífico.

Depois das dificuldades iniciais, Malinowski começou a colocar em prática os princípios metodológicos que, segundo ele, eram essenciais para um trabalho de campo eficaz. Para o autor, o pesquisador deve, em primeiro lugar, possuir objetivos verdadeiramente científicos e ter conhecimento dos critérios e valores da etnografia moderna. Em segundo lugar, o pesquisador deve ter boas condições de trabalho, ou seja, viver entre os nativos, sem depender de outros brancos. E em último lugar, o pesquisador deve utilizar alguns métodos especiais de coleta, manipulação e registro da evidência.

Para Malinowski, o etnógrafo ao fazer o trabalho de campo, deve estabelecer todos os regulamentos e leis que ditam a vida tribal, ou seja, tudo aquilo que é fixo e permanente, além de mostrar a anatomia cultural, como também descrever a constituição social. O autor destaca que o pesquisador deve passar a conhecer o ponto de vista dos nativos, bem como a relação deles com a vida, e ainda a visão que eles têm de seu mundo. Então para Malinowiski, é papel do etnógrafo estudar o homem e tudo aquilo que diz respeito a ele.

Queremos destacar agora o trabalho de campo de Malinowski com relação ao Kula, que é uma forma de troca e que tem um caráter intertribal muito grande. O Kula é praticado por comunidades que ficam num círculo grande de ilhas que formam um circuito fechado. No seu trabalho de campo, o autor pôde perceber que no Kula são utilizados dois artigos: o mwali que é um bracelete de concha e o soulava que é um colar de discos feito de conchas vermelhas e que a cerimônia de troca destes dois artigos é o aspecto central do Kula.

O autor também ressalta os princípios mais importantes e significativos do Kula. Ele diz que, em primeiro lugar, o Kula é um presente retribuído após algum tempo, através de outro presente e que isto não se trata de um escambo. Em segundo lugar, é papel do doador estabelecer a equivalência do contrapresente, que não deve ser imposta e não pode haver devoluções ou regateio na troca. Mas existem ocasiões que participantes do Kula fazem ofertas por artigos que estão em poder de um parceiro. São os chamados “presentes de solicitação”.

Queremos apresentar agora algumas atividades secundárias ao Kula que foram estudadas por Malinowiski. Podemos primeiramente destacar a construção de canoas, que tinham que ser bem feitas para poder suportar as longas viagens. Também é considerada uma atividade secundária do Kula o comércio secundário, que se tratava de viagens onde nativos levavam presentes para seus parceiros. Presentes estes que seriam de grande utilidade para aqueles que iriam receber. Em contrapartida aqueles que levavam presentes recebiam outros também úteis para si mesmos. Outra atividade secundária de grande relevância no Kula era a magia. Os nativos acreditavam em poderes mágicos. Eram feitos rituais mágicos sobre as canoas marítimas para lhes proporcionar segurança e rapidez. Também eram executados rituais mágicos para se afastar os perigos da navegação e outros para que os nativos tivessem dentro de si o desejo de sempre presentear.

Para concluirmos esta parte sobre o trabalho de campo de Malinowiski, nos convêm falar que o que mais interessava a ele no estudo do nativo era a visão que eles tinham das coisas. Ele ressalta que é preciso que o pesquisador consiga captar a realidade psicológica das coisas. Também fala que o pesquisador precisa amar aquilo que faz, tornando-se assim um genuíno profissional da verdadeira Ciência do Homem.



Referência Bibliográfica: Malinowiski (1884-1942). Vida e obra. Consultoria de Eunice Ribeiro Durham.

Aluno: Francisco Thalyson de Sousa Soares


segunda-feira, 28 de maio de 2012

Leituras complementares!





http://www.redalyc.org/src/inicio/ArtPdfRed.jsp?iCve=27503309 -> Comparação entre as ideias de Malinowski e Paulo Freire
http://200.145.171.5/revistas/index.php/ric/article/viewFile/69/71 -> Uma nova concepção de Etnografia
http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/sentidos-do-mundo/antropologia-e-ciencia -> A Antropologia se constituiu em uma ciência?
http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/campos/article/viewFile/1572/1320 -> Conceito de família em Malinowski
http://old.kov.eti.br/ciencias-sociais/ciencias-sociais/ensaios/antropologia/conflito-radcliffe-pritchard-leach.pdf -> Um breve comparativo entre Radcliffe-Brown, Evans-Pritchard e Leach
http://pt.scribd.com/doc/19608533/Os-Anos-Dourados-RadcliffeBrown -> Síntese sobre teoria de Radcliffe-Brown

O que é o Kula?



     O kula é uma forma de troca de caráter intertribal praticadas por comunidades localizadas num extenso conjunto de ilhas do norte ao leste e extremo oriental da Nova Guiné descrito pelo antropólogo Bronislaw Malinowski. Reunindo milhares de pessoas de dezoito comunidades Massim, um arquipélago onde se inclui as ilhas trobiand.   
     Segundo Malinowski - que documentou entre 1914 e 1918, essa prática de navegação e encontro ritual por um circuito pré-determinado por tradição - os participantes do Kula viajavam centenas de quilômetros de canoa transportando os vaigua'a (objetos de valors). Os colares de conchas vermelhas chamados soulava vinham no sentido horário desse círculo e na direção oposta (anti-horário) eram transportados os braceletes feitos de conchas brancas chamados mwali encontrando-se em dado momento para realizar o ritual da troca.            
  Aquele que recebia un colar soulava, estava obrigado a corresponder com um bracelete mwalli e vice-versa. As condições para a participação no circuito de troca variavam de região para região. Os principais objetos de transações do Kula – os braceletes de conchas (mawli) feitos com a parte superior e extremidade delgada da concha de um grande caramujo e os colares (souvala) feitos do nácar da ostra espinhosa vermelha segundo Malinowski são muito cobiçados por todos os papua – melanésios, ambos usados como enfeites com os trajes de dança mais elaborados nas grandes ocasiões festivas, nas danças cerimoniais e nas grandes reuniões que participam os nativos de várias aldeias.       
     Malinowski foi um dos primeiros antropólogos a propor uma interpretação teórica seguida ao trabalho de campo. Para essse autor acima do valor estético e advindo do trabalho empregado na confecção dos objetos dessa troca ritual está a oportunidade, que esta proporciona, de se estabelecer relações sociais e ganhar prestígio social. Os costumes e tradições que acompanham esta troca de presentes é cuidadosamente pré-escrito no sistema cultural das pessoas nele envolvidas, especialmente no que diz respeito as relações doador–receptor/receptor-doador. A aliança de doações implica relações de correspondência, hospitalidade, proteção e assistência mútua. Os líderes mais importantes do Kula podem ter centenas de parceiros em troca, enquanto os homens com menor status na sociedade têm geralmente uma dúzia deles, dependendo do tamanho de suas redes sociais. 





REFERÊNCIA: MALINOWSKI, Bronislaw. Argonautas do pacífico ocidental: um relato do empreendimento e da aventura dos nativos nos arquipélagos de Nova Guiné Melanésia. São Paulo: Abril Cultural, 1976. 436 p. (Pensadores(os); v43)