Evolucionismo/Novo
método:
Apesar de não ser um conceito criado por Boas, entender o que é
evolucionismo é fundamental na compreensão de uma parte de sua
obra. Em seu texto “As limitações do método comparativo da
Antropologia”, Boas critica o método até então usada pelos
evolucionistas.
O Evolucionismo, que
foi impulsionado pela teoria de Darwin, buscava descobrir as leis
uniformes da evolução humana. Segundo os evolucionistas, a mente
humana possuiria um funcionamento uniforme, desta forma todas as
sociedades humanas teriam que passar obrigatoriamente pelos mesmos
estágios obrigatórios e sucessivos. Através da comparação entre
os diferentes costumes dos povos, buscavam esclarecer este caminho
percorrido pela evolução humana. A crítica de Boas residia na
metodologia usada pelos evolucionistas. Para Boas não era possível
apresentar provas de que o mesmo fenômeno cultural necessariamente
se desenvolveria em todos os lugares da mesma forma. Era uma
pretensão muito grande tentar analisar a evolução em todas as
sociedades humanas.
Difusionismo:
Também não é um conceito criado por Boas, mas semelhante ao
conceito de evolucionismo, faz-se necessário entendê-lo, pois é
outra teoria que dialoga com os estudos boasianos. A teoria
difusionista é semelhante a teoria evolucionista, contudo seu peso
explicativo reside na ideia de difusão cultural.
Diferente dos
evolucionistas que acreditavam que os fenômenos culturais
semelhantes haviam se desenvolvido em regiões geográficas distantes
devido ao único caminho evolutivo da raça humana, os difusionistas
acreditavam na existência de uma difusão de elementos culturais
entre esses mesmos lugares seja através do comércio, guerras ou
viagens. Certos autores difusionistas acreditavam que o Egito antigo
foi o grande centro de difusão cultural, que a partir dele a
civilização humana teria se irradiado por todo o globo.
Particularismo
Histórico:
Esta era a teoria dada por Boas como alternativa para o
evolucionismo. Seu fundamento estava na ideia de que para se obter
uma compreensão mais geral das culturas era necessário iniciar o
estudo pelo particular. Vemos então que este método pode ser
descrito como sendo empirista e diacrônico.
Para Boas, a
história da civilização humana não poderia ser entendida
exclusivamente através de uma necessidade psicológica que levaria a
uma evolução única da mente humana. Era necessário entender
primeiramente a história cultural de cada grupo, perceber suas
influências internas e externas pela qual passaram para então
entendê-los. Seria impossível entender a história de um povo
somente se baseando em um único sistema evolucionário.
Cultura:
Para Boas a cultura era o elemento explicativo da diversidade humana.
No sentido norte americano, cultura se torna um conceito mais
abrangente do que o conceito de sociedade. A cultura no caso seria
tudo que os seres humanos criaram inclusive a sociedade. É
importante frisarmos que Boas usa o termo culturas devido a sua
teoria do relativismo cultural, pois segundo ele cada povo possuiria
uma singularidade cultural. Diferentemente vemos o termo cultura
(aqui no singular), usado pelos evolucionistas, pois segundos estes
teóricos, a cultura humana seria única devido ao seu
desenvolvimento unilinear. De maneira resumida, Boas entendia a
cultura como a lente pela qual cada um de nós enxerga a sociedade e
pela qual estaríamos presos à ela através dos grilhões da
tradição.
Raça:
Para Boas, o conceito de raça na verdade seria uma classificação
não científica dos traços físicos superficiais que possuímos.
Vemos em seus textos que Boas não faz uso do termo raça, mas do
termo formas corporais. A ideia de raça na verdade era uma
construção de tipos ideais locais baseados em características
físicas semelhantes, sendo estes retirados de localidades comuns.
Porém Boas ressalta que por mais fisicamente semelhantes um grupo de
pessoas seja, haverá inúmeros indivíduos na qual esta descrição
não poderia caber.
Fontes:
BOAS,
Franz. Antropologia Cultural. Tradução: Celso Castro. 6ed. Rio de
Janeiro, Zahar, 2010.
ERIKSEN,
Thomas H. NIELSEN, Finn S. História da Antropologia. Tradução:
Euclides Luiz Calloni. Petrópolis, Editora Vozes, 2007.
Emanuel
Thiago da S. Vieira