terça-feira, 29 de maio de 2012

Trabalho de Campo


Trabalho de campo

Neste tópico falaremos um pouco sobre o trabalho de campo de Malinowski, destacando seus estudos em Nova Guiné. Para começar, é importate ressaltarmos que o autor teve muitas dificuldades ao chegar na região, pois não sabia quase nada dos nativos, e os brancos que habitavam no local também tinham pouquíssimas informações deles. Os primeiros cumprimentos de Malinowski com os nativos da região aconteceram em inglês pidgin, que era um inglês modificado e mais simples e que era usado como língua franca em várias regiões do Pacífico.

Depois das dificuldades iniciais, Malinowski começou a colocar em prática os princípios metodológicos que, segundo ele, eram essenciais para um trabalho de campo eficaz. Para o autor, o pesquisador deve, em primeiro lugar, possuir objetivos verdadeiramente científicos e ter conhecimento dos critérios e valores da etnografia moderna. Em segundo lugar, o pesquisador deve ter boas condições de trabalho, ou seja, viver entre os nativos, sem depender de outros brancos. E em último lugar, o pesquisador deve utilizar alguns métodos especiais de coleta, manipulação e registro da evidência.

Para Malinowski, o etnógrafo ao fazer o trabalho de campo, deve estabelecer todos os regulamentos e leis que ditam a vida tribal, ou seja, tudo aquilo que é fixo e permanente, além de mostrar a anatomia cultural, como também descrever a constituição social. O autor destaca que o pesquisador deve passar a conhecer o ponto de vista dos nativos, bem como a relação deles com a vida, e ainda a visão que eles têm de seu mundo. Então para Malinowiski, é papel do etnógrafo estudar o homem e tudo aquilo que diz respeito a ele.

Queremos destacar agora o trabalho de campo de Malinowski com relação ao Kula, que é uma forma de troca e que tem um caráter intertribal muito grande. O Kula é praticado por comunidades que ficam num círculo grande de ilhas que formam um circuito fechado. No seu trabalho de campo, o autor pôde perceber que no Kula são utilizados dois artigos: o mwali que é um bracelete de concha e o soulava que é um colar de discos feito de conchas vermelhas e que a cerimônia de troca destes dois artigos é o aspecto central do Kula.

O autor também ressalta os princípios mais importantes e significativos do Kula. Ele diz que, em primeiro lugar, o Kula é um presente retribuído após algum tempo, através de outro presente e que isto não se trata de um escambo. Em segundo lugar, é papel do doador estabelecer a equivalência do contrapresente, que não deve ser imposta e não pode haver devoluções ou regateio na troca. Mas existem ocasiões que participantes do Kula fazem ofertas por artigos que estão em poder de um parceiro. São os chamados “presentes de solicitação”.

Queremos apresentar agora algumas atividades secundárias ao Kula que foram estudadas por Malinowiski. Podemos primeiramente destacar a construção de canoas, que tinham que ser bem feitas para poder suportar as longas viagens. Também é considerada uma atividade secundária do Kula o comércio secundário, que se tratava de viagens onde nativos levavam presentes para seus parceiros. Presentes estes que seriam de grande utilidade para aqueles que iriam receber. Em contrapartida aqueles que levavam presentes recebiam outros também úteis para si mesmos. Outra atividade secundária de grande relevância no Kula era a magia. Os nativos acreditavam em poderes mágicos. Eram feitos rituais mágicos sobre as canoas marítimas para lhes proporcionar segurança e rapidez. Também eram executados rituais mágicos para se afastar os perigos da navegação e outros para que os nativos tivessem dentro de si o desejo de sempre presentear.

Para concluirmos esta parte sobre o trabalho de campo de Malinowiski, nos convêm falar que o que mais interessava a ele no estudo do nativo era a visão que eles tinham das coisas. Ele ressalta que é preciso que o pesquisador consiga captar a realidade psicológica das coisas. Também fala que o pesquisador precisa amar aquilo que faz, tornando-se assim um genuíno profissional da verdadeira Ciência do Homem.



Referência Bibliográfica: Malinowiski (1884-1942). Vida e obra. Consultoria de Eunice Ribeiro Durham.

Aluno: Francisco Thalyson de Sousa Soares


segunda-feira, 28 de maio de 2012

Leituras complementares!





http://www.redalyc.org/src/inicio/ArtPdfRed.jsp?iCve=27503309 -> Comparação entre as ideias de Malinowski e Paulo Freire
http://200.145.171.5/revistas/index.php/ric/article/viewFile/69/71 -> Uma nova concepção de Etnografia
http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/sentidos-do-mundo/antropologia-e-ciencia -> A Antropologia se constituiu em uma ciência?
http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/campos/article/viewFile/1572/1320 -> Conceito de família em Malinowski
http://old.kov.eti.br/ciencias-sociais/ciencias-sociais/ensaios/antropologia/conflito-radcliffe-pritchard-leach.pdf -> Um breve comparativo entre Radcliffe-Brown, Evans-Pritchard e Leach
http://pt.scribd.com/doc/19608533/Os-Anos-Dourados-RadcliffeBrown -> Síntese sobre teoria de Radcliffe-Brown

O que é o Kula?



     O kula é uma forma de troca de caráter intertribal praticadas por comunidades localizadas num extenso conjunto de ilhas do norte ao leste e extremo oriental da Nova Guiné descrito pelo antropólogo Bronislaw Malinowski. Reunindo milhares de pessoas de dezoito comunidades Massim, um arquipélago onde se inclui as ilhas trobiand.   
     Segundo Malinowski - que documentou entre 1914 e 1918, essa prática de navegação e encontro ritual por um circuito pré-determinado por tradição - os participantes do Kula viajavam centenas de quilômetros de canoa transportando os vaigua'a (objetos de valors). Os colares de conchas vermelhas chamados soulava vinham no sentido horário desse círculo e na direção oposta (anti-horário) eram transportados os braceletes feitos de conchas brancas chamados mwali encontrando-se em dado momento para realizar o ritual da troca.            
  Aquele que recebia un colar soulava, estava obrigado a corresponder com um bracelete mwalli e vice-versa. As condições para a participação no circuito de troca variavam de região para região. Os principais objetos de transações do Kula – os braceletes de conchas (mawli) feitos com a parte superior e extremidade delgada da concha de um grande caramujo e os colares (souvala) feitos do nácar da ostra espinhosa vermelha segundo Malinowski são muito cobiçados por todos os papua – melanésios, ambos usados como enfeites com os trajes de dança mais elaborados nas grandes ocasiões festivas, nas danças cerimoniais e nas grandes reuniões que participam os nativos de várias aldeias.       
     Malinowski foi um dos primeiros antropólogos a propor uma interpretação teórica seguida ao trabalho de campo. Para essse autor acima do valor estético e advindo do trabalho empregado na confecção dos objetos dessa troca ritual está a oportunidade, que esta proporciona, de se estabelecer relações sociais e ganhar prestígio social. Os costumes e tradições que acompanham esta troca de presentes é cuidadosamente pré-escrito no sistema cultural das pessoas nele envolvidas, especialmente no que diz respeito as relações doador–receptor/receptor-doador. A aliança de doações implica relações de correspondência, hospitalidade, proteção e assistência mútua. Os líderes mais importantes do Kula podem ter centenas de parceiros em troca, enquanto os homens com menor status na sociedade têm geralmente uma dúzia deles, dependendo do tamanho de suas redes sociais. 





REFERÊNCIA: MALINOWSKI, Bronislaw. Argonautas do pacífico ocidental: um relato do empreendimento e da aventura dos nativos nos arquipélagos de Nova Guiné Melanésia. São Paulo: Abril Cultural, 1976. 436 p. (Pensadores(os); v43)

''Uma tarde antropológica"

"Uma tarde antropológica"



A teoria funcionalista de Malinowski.


Da Antropologia de gabinete à Antropologia participante: Bronislaw Malinowski.



Vídeo criado sobre a vida do antropólogo Bronislaw Malinowski

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Biografia e Contexto Etnográfico - Radcliffe-Brown


          Alfred Reginald Brown nasceu em Sparkbrook, Birmingham, em 17 de Janeiro de 1881. Quando tinha cinco anos, faleceu-lhe o pai, deixando sua mãe na penúria. Ela trabalhava como “dama de companhia”, ficando as crianças aos cuidados da avó. “Rex” era aluno bolsista na King Edward’s School(Escola Rei Edward), em Birmingham, mas, antes dos 18 anos trocou a escola por um emprego na biblioteca daquela cidade. Seu irmão mais velho, Herbert, encorajou-o a prosseguir nos estudos e sustentou-o enquanto cumpria um ano de ciências pré-médicas na Universidade de Birmingham. Ganhou depois uma bolsa de estudos do Trinity College (Colégio Trindade), Cambridge, e em 1902 começou a preparar-se para os exames finais em Ciências Morais. Seu irmão, agora estabelecido na África do Sul, continuou a prestar-lhe auxílio financeiro, em parte decorrente de uma indenização por ferimentos recebidos na Guerra Anglo-Bôer.
         O desejo de Brown era fazer os exames de Ciências Naturais em Cambridge, mas o seu diretor de estudos insistiu em que era preferível apresentar-se em Ciências mentais e Morais. Entre os seus professores estavam Myers e Rivers, ambos psicólogos médicos e veteranos da expedição aos Estreitos de Torres, o empreendimento pioneiro de Cambridge na área da pesquisa antropológica de campo. O curso abrangia Psicologia e Filosofia, incluindo a Filosofia da Ciência, que era lecionada em parte por Alfred North Whitehead. Em 1904, tornou-se o primeiro aluno de Rivers em Antropologia.
       Guiado por Rivers e Haddon, Brown realizou um estudo das Ilhas Andaman em 1906-8. O seu relatório granjeou-lhe um fellowship( sociedade )no Trindade, que ele manteve de 1908 a 1914, embora durante esse período também desempenhasse funções docentes, por pouco tempo, na Escola de Economia de Londres. A sua monografia inicial sobre Andaman concentrou-se em problemas etnológicos e refletia as propensões difusionistas de Rivers. Entretanto, não tardou em converter-se à concepção durkheimiana da Sociologia.
       Um ensaio preliminar de Durkheim, que pronunciava o argumento de As Formas Elementares da Vida Religiosa, causou um impacto considerável na Inglaterra desse tempo. Em 1919-10, Brown proferiu uma série de conferências na Escola de Economia de Londres e em Cambridge, nas quais expôs o ponto de vista essencialmente durkheimiano que iria manter pelo resto da vida.
       Em 1906-1908 Radcliffe-Brown realizou seu primeiro trabalho de campo nas Ilhas Andaman, no Oceano Índico, a pesquisa que levou em 1922 à publicação de seu clássico monografia The Islanders Andaman (Os Ilhéus de Andaman). Sua pesquisa de campo teve outro grande levantamento das diferenças de parentesco entre os sistemas de grupos aborígenes da Austrália Ocidental, realizado em 1910-1912. O restante de sua vida profissional foi retomada com o ensino e a escrever trabalhos teóricos. Ao longo de três décadas, Radcliffe-Brown também lecionou na Universidade de Capetown, na África do Sul, na Universidade de Sydney, na Austrália, na Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, e na Universidade de Oxford, onde foi nomeado para a primeira cátedra de Antropologia em 1937.
       A força da personalidade e intelecto de Radcliffe-Brown moldaram o curso de Antropologia britânica em toda a década de 1940. Considerando a influência de Bronislaw Malinowski, outros importantes antropólogos britânicos da época estabeleceram um alto padrão de trabalho de campo e coleta de dados, no entanto, a influência de Radcliffe-Brown foi mais teórica. Malinowski havia argumentado que as instituições culturais tinham de ser entendidas em relação às necessidades humanas básicas psicológicas e biológicas. Radcliffe-Brown, entretanto, sublinhou o "estrutural-funcionalismo" para a análise social que via sistemas sociais como mecanismos integrados, nos quais todas as partes funcionam para promover a harmonia do todo.
       Como Durkheim, Radcliffe-Brown achava que as instituições sociais devem ser estudadas como qualquer objeto científico. O trabalho do antropólogo social foi descrever a anatomia de instituições sociais interdependentes - o que chamou de estrutura social - e para definir o funcionamento de todas as partes em relação ao todo. O objetivo dessa análise é a conta para o que mantém o funcionamento da sociedade em conjunto.
        Sua pesquisa inicial na Austrália Ocidental, nas sociedades indígenas, por exemplo, levou para a primeira conta sofisticada de complicados sistemas de parentesco aborígenes como um conjunto de variações sobre alguns temas estruturais. Ele foi capaz de identificar um conjunto de relações entre terminologias de parentesco e as regras do casamento que faziam sentido pela primeira vez da "estrutura" da sociedade indígena. Estes estudos ainda são a pedra angular da antropologia social dos aborígenes australianos.
         A lista de publicações de Radcliffe-Brown não é especialmente longa. No entanto, em uma série de jornais argumentaram poderosamente que ele foi capaz de transformar a face da antropologia no seu tempo. Ao longo de sua carreira Radcliffe-Brown insistiu em que o próprio objetivo da antropologia era a comparação cuidadosa das sociedades e a formulação de leis gerais sociais. Quando ele entrou em antropologia, culturas exóticas foram geralmente estudadas como coleções de costumes separáveis, e antropologia cultural era a história de como tais costumes eram “difusas" entre as culturas por meio de empréstimos ou de conquista. Esta abordagem elegante e, muitas vezes abstrata para a análise social teve seus críticos e seus defensores. Mas a análise de Radcliffe-Brown de padrões sociais deixou uma marca importante em toda Antropologia Social moderna.

Aluno: Ismael Soares


Referências
Kuper, Adam. Antropólogos e Antropologia; tradução de Álvaro Cabral. Rio de Janeiro , F. Alves, 1978.
http://www.answers.com

Biografia e Contexto Etnográfico - Malinowski



         Bronislaw Kaspar Malinowski, nasceu em Cracóvia, Polônia, a 7 de abril de 1884. Seu pai, um professor de filologia eslava na Universidade Jagellonian e um linguista e folclorista de alguma reputação, era descendente da nobreza polonesa. Sua mãe era de uma família proprietária de terras cultivadas. Ele era frágil, muitas vezes doentio em sua infância, e, assim, em vários intervalos durante sua vida escolar e, mais tarde, na universidade, ele foi forçado a abrandar e ter tempo livre para o bem de sua saúde. Em um desses tempos livres começou a se interessar por Antropologia após a leitura do livro O Ramo Dourado, de James Frazer. Entretanto, apesar dos contratempos criados por sua saúde, ele conseguiu obter seu doutorado em Filosofia, Física e Matemática em 1908, graduando-se Sub Auspiciis Imperatoris, a mais alta honraria do Império Austro-Húngaro.
         No ano de 1913 escreveu seu primeiro livro: A Família Entre os Aborígenes Australianos. De 1914 a 1918 realizou um importante trabalho de campo na Nova Guiné e Austrália. Ajudado por seu amigo Seligman, conseguiu fundos para a sua primeira expedição etnográfica, em 1914 quando residiu alguns meses com os Mailu, habitantes da Ilha de Tulon, no Oceano Pacífico. Fez mais duas expedições, convivendo durante dois anos com os habitantes das ilhas Trobriand, arquipélago situado a nordeste da Nova Guiné. Esse estudo dos Trobriand proporcionou a Malinowski a base de seu prestígio subsequente, e o teor pioneiro dessa investigação é destacado pela comparação com o anterior estudo Mailu. Na realidade ele inventou os métodos da moderna pesquisa de campo nas Ilhas Trobriand. Durante esse tempo Malinowski aprendeu a língua dos nativos, participou de suas cerimônias e de seu dia-a-dia. Malinowski vigorosamente enfatizou a importância de mergulhar profundamente na língua nativa. Mas talvez mais do que qualquer outro pesquisador diante dele, Malinowski adotou o valor de estudar a vida cotidiana em todos os seus aspectos mundanos. Assim, para ele, não foi suficiente simplesmente registrar o que os membros tribais diziam sobre suas crenças religiosas, práticas sexuais, costumes matrimoniais, ou as relações comerciais, mas, o que eles realmente faziam.
      Mas, apesar de todas as contribuições e sua considerável influência científica e ramificações, Malinowski é principalmente reconhecido como o pai dessa escola da antropologia chamada Funcionalismo, que se baseia na ideia de que todas as partes da sociedade trabalham em conjunto, um conjunto integrado. Este pensamento pode ser prontamente contrastado com o estruturalismo de Durkheim e o estrutural-funcionalismo de Radcliffe Brown- cada um dos quais dá mais ênfase à sociedade como um todo, e as formas que as instituições servem para mantê-la. Malinowski, entretanto, coloca uma maior ênfase nas ações do indivíduo: como as necessidades do indivíduo eram servidas por instituições da sociedade, as práticas costumeiras e crenças, e como a psicologia desses indivíduos pode levá-los para gerar mudanças.
       Em 1920 e em 1922, ele deu aulas na London School of Economics (Escola Econômica de Londres) durante o período letivo de verão, e em 1923 foi reconhecido como professor de Antropologia Social pela Universidade de Londres. Em 1924, assumiu o cargo de Reitor na L.S.E. Em 1927, Malinowski foi nomeado para a primeira cátedra de Antropologia da Universidade de Londres (Seligman tinha uma cátedra de Etnologia). Permaneceu na L.S.E. até 1938, quando foi aos Estados Unidos em gozo de uma licença-prêmio, para aí ser retido pela eclosão da II Guerra Mundial. Lecionou em Yale e realizou algumas pesquisas de campo, durante as férias, nos mercados camponeses do México. Morreu em New Haven, Connecticut, em Maio de 1942, aos 58 anos de idade.
           As sete monografias de Malinowski sobre as Ilhas Trobriand foram publicadas entre 1922 e 1935. Constituem a maioria esmagadora de suas publicações durante os anos passados em Londres como professor, e o material trobriandês também forneceu o núcleo de suas conferências e cursos. Foi nessa época que ele formou o seu séquito de adeptos e seguidores, apresentando aos estudantes o fascinante Homem de Trobriand, impondo a crença em seu próprio papel de profeta de uma nova Ciência, e enviando-os pelo mundo inteiro para que realizassem estudos de campo de sua própria lavra.

Aluno: Ismael Soares

Referências
Kuper, Adam. Antropólogos e Antropologia; tradução de Álvaro Cabral. Rio de Janeiro , F. Alves, 1978.
 Oliveira, Pérsio Santos de. Introdução a Sociologia - Editora Ática.

Produção Bibliográfica - Radcliffe-Brown


Alfred Radcliffe-Brown
 (Birmingham, 17 de janeiro de 1881 - Londres, 24 de outubro de 1955)

1. The Andaman Islanders (1922)



- Primeira publicação de Radcliffe-Brown, esta obra é de extrema importância, enquanto fonte, sobre o as tribos do norte andamaneses.

2. The Social Organization of Australian Tribes (1931)

3. Sistemas Africanos de Parentesco e Casamento (African systems of kinship and marriage, 1950)

4. Structure and Function in Primitive Society (1952)

- Obra póstuma

5. A Natural Science of Society (1957)

- Com base em uma série de palestras na Universidade de Chicago em 1937 e publicado postumamente por seus alunos.

Aluna: Marina Cavalcante

Produção Bibliográfica - Malinowski

Bronislaw Malinowski

(Cracóvia, 7 de Abril de 1884 - New Haven, 16 de Maio de 1942)

1. A Família Entre Os Aborígenes Australianos (The Family Amoong The Australian Aborigenes, 1913)

- Primeira obra de Malinowski. Contém severas críticas aos princípios evolucionistas.

2. Crenças e costumes nativos sobre procriação e gravidez (1914)

3. Os Argonautas do Pacífico Ocidental (Argonauts of the Western Pacific, 1922)



- Considerada a primeira etnografia e pioneira na utilização etnográfica da fotografia.


4. Magia, Ciência e Religião (Magic, Science, and Religion, 1925)

5. Crime e Costume na Sociedade Selvagem (Crime and custom in Savage Society, 1926)

- Clássico da Antrologia, realizou a primeira etnografia moderna sobre o chamado ‘direito primitivo’.

6. Myth in Primitive Psychology (1926)

7. Sexo e Repressão na Sociedade Selvagem (Sex and Repression in Savage Society, 1927)

8. A Vida Sexual dos Selvagens na Malinésia Norte-Ocidental (The Sexual Life of Savages in North-Western Melanesia, 1929)

9. Jardins de Coral e Sua Magia (Coral Gardens and Their Magic: A Study of the Methods of Tilling the Soil and of Agricultural Rites in the Trobriand Islands, 1935)

10. The Foundations of Faith and Morals (1936)

- Esta obra representa uma tentativa de aplicar hipóteses, com base em culturas primitivas, para os problemas das sociedades européias.

11. Uma Teoria Científica da Cultura (A Scientific Theory of Culture, 1944)

- A esposa de Malinowski o ajudava em várias pesquisas e foi a responsável pela publicação póstuma desta obra.

12. Liberdade e Civilização (Freedom and Civilization, 1944)

13. The Dynamics of Culture Change (1945)

14. A Diary in The Strict Sense of The Word (1967)

Aluna: Marina Cavalcante

Fontes Teóricas - Radcliffe-Brown


RADCLIFFE-BROWN

KUPER, Adam. Antropólogos e Antropologiatradução de Álvaro Cabral. Rio de Janeiro, F.Alves, 1978. (Ciências sociais)
RADCLIFFE-BROWN, Alfred Reginald, Estrutura e função na sociedade primitivatrad. de Nathanael C.Caixeiro. Petrópolis, Vozes, 1973.

Radcliffe-Brown sofreu a influência das teorias sociológicas de Durkheim antes da I Guerra Mundial, e os anos produtivos de sua carreira foram dedicados à aplicação dessa teoria às descobertas dos etnógrafos; uma atividade que ele compartilhou durante a maior parte de sua vida com Mauss, sobrinho de Durkheim. [...] (pág. 52, 1º§).
Guiado por Rivers e Haddon, Brown realizou um estudo das Ilhas Andaman em 1906-8. [...] A sua monografia inicial sobre Andaman concentrou-se em problemas etnológicos e refletia as propensões difusionistas de Rivers. Entretanto, não tardou em converter-se à concepção durkheimiana de sociologia. (pág. 53, 2º§).
Um ensaio preliminar de Durkheim, que pronunciava o argumento de Les Formes Elémentaires de la Vie Religieuse, causou um impacto considerável na Inglaterra desse tempo. [...] Em 1909-10, Brown proferiu uma série de conferências na L.S.E. e em Cambridge, nas quais expôs o ponto de vista essencialmente durkheimiano que iria manter pelo resto da vida. (págs. 53 e 54, 3º§).
[...] Ao mesmo tempo, é possível avaliar o que a conversão oferecia: método científico, a convicção de que a vida social era ordenada de forma sistemática e suscetível de análise rigorosa, um certo desprendimento das paixões individuais [...] Tal quanto o anarquismo de Kropotkine, para o qual Brown fora atraído enquanto estudante, a sociologia de Durkheim continua uma visão essencialmente otimista da possibilidade de auto-realização do homem numa sociedade metodicamente ordenada; mas ao mesmo tempo, o socialismo de Durkheim minimizava a “guerra de classes”, e isso talvez tivesse atraído também a Brown. Em suma, a devoção de Brown às Ciências Naturais e o seu vago anarquismo utópico foram alimentados por um novo credo que era simultaneamente científico, humanitário, de uma forma maciça, e – muito importante – francês. O seu fanatismo fundamental ganhara agora um rumo definitivo. As paixões ulteriores, como pela filosofia chinesa, e as paixões anteriores, como pela cultura francesa, foram absorvidas por ele. Na década de 1920, os intelectuais britânicos tornaram-se pessimistas e místicos; na década de 1930, otimistas e comunistas. Brown nunca vacilou. (pág. 54, 1º§).
[...] Foi para o campo como etnólogo e seu objetivo inicial, refletido em seu primeiro relato, era reconstituir a história dos andamaneses e dos negritos em geral. Mais tarde, foi convertido ao ponto de vista durkheimiano de que o significado e a finalidade dos costumes devem ser entendidos em seu contexto contemporâneo; e foi isto que ele se propôs demonstrar no livro. (pág. 58, 2º§).
A sociologia de Durkheim foi a mais importante influência sobre o pensamento maduro de Radcliffe-Brown, mas ele também permaneceu um evolucionista na tradição de Spencer. As culturas (depois sociedades) eram como organismos e, portanto, devem ser estudadas pelos métodos das Ciências Naturais. Como organismos, evoluíram no sentido da crescente diversidade e complexidade. Neste sentido, a evolução distingue-se claramente do progresso, pois a evolução é um processo natural ao passo que o progresso implica em avaliação de um processo moral. (pág. 65, 1º§).
Mas eu exagerei a unidade do legado de Durkheim, já que podemos distinguir, pelo menos, duas correntes divergentes [...] Em primeiro lugar, havia o estudo das relações sociais, a “morfologia social” exemplificada em De la Division du Travail Social; e em segundo lugar, o estudo de sociedades como sistemas morais, o ponto de vista que domina Le Suicide Les Formes Elémentaires de la Vie Religieuse [...] Ambas as abordagens podem ser encontradas na obra de Radcliffe-Brown e Mauss, sendo defensável a tese de que as suas perspectivas não são divergentes mas antes complementares. Contudo, Radcliffe-Brown dedicou-se mais ao estudo das relações sociais, enquanto que Mauss continuou desenvolvendo o estudo de noções cosmológicas. (pág. 67, 3º§).
A forma estrutural está explícita em “usos sociais”, ou normas sociais, os quais se reconhece geralmente como obrigatórios e são largamente observados. Portanto, esses usos sociais têm as características dos “fatos sociais” de Durkheim [...] (pág. 69, 3º§).
À semelhança de Durkheim, era ambivalente a respeito da Psicologia. Os fatos sociais não podiam ser explicados em termos de psicologia individual mas era possível que algumas formas de psicologia ajudassem à Sociologia. [...] Argumentou que a nova Sociologia deveria manter um relacionamento cauteloso mas cordial com a Psicologia. (pág. 81, 1º§).
[...] Radcliffe-Brown compartilhou sempre do ponto de vista de Durkheim e Roscoe Pound, um ponto de vista relacionado “não com as funções biológicas mas com as funções sociais, não com o ‘indivíduo’ biológico abstrato mas com ‘pessoas’ concretas de uma sociedade. Isso não pode expressar-se em termos de cultura. (pág. 82, 1º§).
[...] Tanto quanto sei, a primeira formulação sistemática aplicada ao estudo estritamente científico da sociedade foi a de Emile Durkheim, em 1895 (Règles de la Méthode Sociologique). (pág. 220, 1º§).
[...] A única recompensa que busquei, penso que em certo grau obtive: algo como uma penetração na natureza do mundo do qual somos parte, que só paciente aplicação do método das ciências naturais pode proporcionar.(pág. 251, 1º§).

Aluno: Marcus André

Fontes Teóricas - Malinowski


MALINOWSKI

KUPER, Adam. Antropólogos e Antropologia; tradução de Álvaro Cabral. Rio de Janeiro, F.Alves, 1978. (Ciências sociais)
MALINOWSKI, Bronislaw Kasper, 1884-1942. Argonautas do Pacífico ocidental: um relato do empreendimento e da aventura dos nativos nos arquipélagos da Nova Guiné melanésia / Bronislaw Malinowski; prefácio de Sir James George Frazer; traduções de Anton P.Carr e Lígia Aparecida Cardieri Mendonça; revisão de Eunice Ribeiro Durham. – 2 ed. – São Paulo: Abril Cultural, 1978. (Os Pensadores)

Fazia-se aqui sentir a influência de Durkheim; e, é claro, o mais importante dos evolucionistas, Spencer, tinha reconhecido que o estudo intensivo de pequenas comunidades implicava em compromisso com a análise sincrônica de um tipo que mais tarde passou a denominar-se funcionalista. O enfoque funcionalista não era visto como algo que desalojaria as preocupações evolucionistas e difusionistas mas, outrossim, como algo que deveria ser-lhes adicionado. (pág. 19, 2º§).
[...] ainda acredito na evolução, ainda estou interessado nas origens, no processo de desenvolvimento; mas vejo cada vez naus claramente que as respostas a quaisquer evolucionárias devem conduzir de forma direta ao estudo empírico dos fatos e instituições, ao desenvolvimento passado daquilo que desejamos agora reconstituir. (pág. 20, 1º§).
Em Leipzig, decidiu diversificar seus interesses e estudou Psicologia Experimental, sob a direção de Wundt, e História Econômica, com Bücher. A importância desses dois anos em Leipzig não deve ser subestimada. Wundt, em particular, era uma influência de peso; já fora mestre de Durkheim e de Boas, e estava sumamente interessado em Antropologia [...] dizia respeito à cultura, “àqueles produtos mentais que são criados por uma comunidade de vida humana e que, portanto, são inexplicáveis em termos de mera consciência individual, uma vez que pressupõem a ação recíproca de muitos”, uma concepção que estava relacionada com a noção de “consciências coletiva” de Durkheim. Wundt era contrário a que se descrevesse o desenvolvimento de um fenômeno cultural em isolamento [...]. (pág. 22, 2º§).
Se os principais elementos do Funcionalismo podem ser discernidos em Wundt (e em muitos de seus discípulos), talvez seja ainda mais interessante notar que o primeiro estudo antropológico de Malinowski, sobre a organização da família australiana, já estava bem avançado antes de ele ter trocado Leipzig pela London School Of Economics em 1910. Na L.S.E., ele trabalhou sob a orientação de Westermack, o homem que tinha criticado de forma tão peremptória as primeiras teorias de “promiscuidade primitiva”, “casamento de grupo” etc., e defendido a primazia em termos evolucionários de família monogâmica. Mas esse era também um tema do Mestre de Leipzig; Wundt e seus discípulos estavam também interessadíssimos no material australiano – como muitos outros cientistas sociais desse tempo, é claro. Em 1912 e 1913, eram publicados importantes trabalhos sobre os aborígenes australianos, não só de Malinowski e Radcliffe-Brown, mas também da autoria de Durkheim e Freud; cada um deles, segundo parece, trabalhando na ignorância de produção dos demais. Assim, faz sentido que Malinowski tivesse sido estimulado em Leipzig a meter ombros a uma monografia sobre a família australiana e que decidisse completá-la sob a orientação de Wastermack. (págs. 22 e 23, 3º§).
A publicação em 1899, das extensas investigações desenvolvidas por Spencer e Gillen entre os aborígines australianos demonstrou definitivamente as grandes potencialidades do trabalho de campo e a importância das informações obtidas por meio de observação direta para a resolução dos problemas teóricos colocados pela antropologia. Só essa obra inspirou pelo menos três grandes trabalhos, cada um dos quais constituía uma reflexão inovadora em seu próprio campo: As formas elementares da vida religiosa, de Durkheim (1858-1917), Totem e Tabu, de Freud (1856-1939), e A família entre os aborígenes australianos, o primeiro livro de Malinowski, todos publicados em 1913. (pág. 9, 5º§).
Os primeiros trabalhos de Malinowski, assim como os de Radcliffe-Brown, acusam uma forte influência de Durkheim, que forneceu a ambos a formulação inicial dos conceitos de função e de integração funcional com os quais essa nova geração de antropólogos procurou construir um método próprio e chegar a uma nova teoria antropológica. (pág. 10, 4º§).

Aluno: Marcus André

Conceitos


Definições de conceito segundo Radcliffe Brown

- Instituição
O conceito de Radcliffe Brown para instituição é o mesmo de Durkheim que deve seguir sua época.  “Finalmente, deve ser abandonada as buscas por “origens”. A “origem contemporânea,” a função de uma instituição, deve ser encontrada em seu uso atual”. (Adam Kuper. p.65-66).
- Função
São relações sociais entre as pessoas com objetivo de unir a sociedade relacionada com uma estrutura. Essas relações sociais unem a comunidade fazendo com que todas as pessoas tenham hábitos semelhantes, como à forma de cumprimentar ou de se vestir sendo que quem não compartilha é rechaçado. Essas relações são essenciais para que a sociedade exista e se baseiam em uma estrutura “o conceito de função tal como é aqui definido implica, pois a noção de uma estrutura constituída em uma serie de relações entre entidades unidades, sendo mantida a continuidade da estrutura por um processo vital constituído das atividades das unidades integrantes.” (Radcliffe Brown. p.223§1).
- Estrutura
Para Radcliffe Brown existem dois tipos de estrutura a social e a geral. O conceito de estrutura social é fundamentado nas relações sociais. Estas relações podem se dá átravez da organização social, politica, religiosa, cultural de um povo, aforma com este se relaciona. São relações frageis que se flexibilizam, mudam com facilidade. Uma relação concreta entre as pessoas que é maleável, possui diferenciação entre indivíduos e classes  por um desempenho social.
“ Consideremos o que são observáveis e concretos de que se ocupa a antropologia social. Se decidimos estudar, por exemplo, os habitantes aborigines de uma parte da Australia, achamos ceto numeros de individuos humanos em determinadi meio natural. Podemos  observar a conduta desses individuos, inclusive, evidentimente, seu modo de falar e os produtos materiais de suas atividades passadas . Não observamos uma «cultura», visto que essa palavra denota não uma realifafe concreta, mas uma abstração, é, em geral, empregada como vaga  abstração não nos revela que esses desres humanos estão relacionados por uma complexa rede de relações sociais. Emprego o termo  «etrutura social» para desugnar esta rede de relações realmente existente.” (Radcliffe Brow,p234§1)
Radcliffe Brow se preocupou em definir o obejeto de estudo da antropologia. Como ele utuliza a antropologia social escolheu um objeto especifico para essa área  foi a estrutura social. Assim, tal qual Durkheim fez para a sociologia o fato social como o seu objeto estudado. Radcliffe Brow fez da estrutura social o objeto de estudo da antropologia social, além de trabalhar com outras ferramentas como fenômenos sociais.
Quando em uma sociedade juntamos todas as suas funções, encontramos uma estrutura social e quando essa estrutura se repete e não muda com o passar do tempo encontramos uma forma estrutural ou estrutura geral. Em uma sociedade capitalista podemos afirmar que sua estrutura se baseia na relação entre capitalista e trabalhador, pois toda sociedade capitalista terá esse relacionamento que não muda com o passar do tempo.


Aluna: Emanuella Soares

Principais conceitos do Funcionalismo

       A teoria funcionalista foi elaborada pelo antropólogo Branislaw Malinowski (1884-1942), um dos pais fundadores da antropologia. Para podermos compreender melhor o funcionalismo, faz-se necessário termos em mente os principais conceitos e características que fundamentam essa teoria. Perceberemos que os conceitos estão intimamente interligados constituindo um todo. Acredito que pensá-los isoladamente, estudando cada um como sendo apenas uma parte do pensamento de Malinowski e não percebendo suas conexões, não nos trará um entendimento mais claro. A sequência apresentada a seguir foi elaborada de uma maneira didática na qual veremos cada conceito como etapas que serão desenvolvidas para que finalmente possamos comentar sobre a teoria funcionalista.
          Um dos principais conceitos no funcionalismo é a teoria das necessidades. De acordo com Malinowski, a cultura tem como base principal, um fator gerador, necessidades de ordem biopsicológicas dos seres humanos (Malinowski apud Kuper, 1978), então necessidades primárias como a nutrição e a procriação seriam inatas e comuns aos seres humanos. Para que estas necessidades sejam materiais, ou seja, que possam passar da uma necessidade interior para uma ação, é preciso um meio e Malinowski vê este meio como sendo a cultura. Assim esta ação, que toma a forma de costume, irá impor novas determinantes ao comportamento, como também criará novas necessidades. Contudo, estes costumes não são realizados de forma aleatória. Por trás dos mesmos, existe um fator racional que os organiza de uma maneira complexa. Deste modo, cada necessidade básica daria origem ao segundo conceito fundamental do funcionalismo: o conceito de instituição.
        As instituições sociais seriam formas coletivas de satisfazer as necessidades primárias que são comuns aos seres humanos. E devido justamente ao seu caráter coletivo, as instituições não apenas satisfariam necessidades individuais, mas agora também coletivas. De um modo mais abrangente podemos entender a instituição como um complexo formado por leis que regem determinado costume.
Cada uma das monografias de Malinowski sobre os Trobriand ocupava-se primordialmente de um único foco institucional: comércio, família, vida e procriação, mito, o respeito às normas, cultivo da terra. Embora, em cada caso, ele desenvolvesse seu tema de dentro para fora, partindo do centro e seguindo os vários fios para mostrar as ramificações de cada atividade [...] (Kuper, 1978)
          Seu famoso estudo sobre a instituição do Kula é usado para ilustrar suas idéias. Malinowski fala que a instituição é formada por várias camadas e percebemos no kula, sistema de comércio em que objetos de valor simbólico circulam por uma extensa área entre as ilhas da Malanésia (Eriksen e Nielsen, 2007), diversos aspectos que perpassam por toda a cultura trobriand.  Malinowski percebeu que o kula não era apenas um sistema de troca de objetos, mas uma forma de enxergar todos os aspectos da vida dos nativos através desta instituição. Era uma forma de trocar cultura.
Considerando os dois conceitos acima, podemos entender melhor a teoria do funcionalismo. Nas últimas páginas de seu livro Os argonautas do pacífico ocidental, Malinowski fala sobre sua nova teoria em relação ao evolucionismo e difusionismo da época:

[...] Parece-me haver lugar para um novo tipo de teoria [...] A influência recíproca dos vários aspectos de uma instituição, o estudo do mecanismo social e psicológico no qual a instituição se baseia, constituem um tipo de investigações teóricas que, até ao presente, só se praticam de um modo conjetural. Mas arrisco-me a predizer que mais cedo ou mais tarde adquirirão certa personalidade própria. Este tipo de pesquisa preparará o caminho e fornecerá o material para as demais.   (Malinowski apud Kuper, 1978)

            De forma mais geral, podemos entender o funcionalismo de Malinowski como sendo a forma de como as instituições sociais se mantinham unidas formando um todo coerente, possuindo uma função (servindo a um propósito). Contudo, está é uma forma bastante simplista de compreender o funcionalismo. Devemos perceber em suas características o porquê dela se diferenciar do evolucionismo, difusionismo, como também do estrutural-funcionalismo de Radcliffe-Brown.
        Um ponto importante é que Malinowski tem como foco de estudo o indivíduo; o homem e sua totalidade. Assim as forças psicológicas presente na teoria das necessidades, são de grande importância, pois o indivíduo limitaria as regras sociais.
Outra característica bastante comentada é o método etnográfico usado por Malinowski em suas etnografias: A observação participante. Segundo esta metodologia, o pesquisador deveria viver com as pessoas que eram estudadas e aprender e participar tanto quanto possível de suas atividades. Para a época essa nova forma de se colocar em relação às pessoas estudadas era revolucionária, criando assim uma nova forma de pesquisa. Paralelamente a observação participante outro aspecto importante no funcionalismo nos é apresentado.
      Todo fato realizado pelos nativos devia ser registrado, mesmo que estes aparentemente fossem insignificantes (imponderáveis da vida real). Porém a tentativa de entender certo costume sem contextualizá-lo com a cultura seria um erro. Para compreendermos determinado costume temos que pensá-lo inserido dentro da cultura da sociedade em questão. Somente desta forma se nota como a unidade compõem um todo. Podemos perceber que o estudo funcionalista para Malinowiski possui caráter sincrônico. Ou seja, a sociedade deve ser vista por ela mesma. Retomando um pensamento anterior, a mecânica ilustrada dentro do pensamento funcionalista é que o todo (a cultura) é constituída de partes (instituição) que estão em integração com outras, possuindo uma função e coerência.

Aluno: Emanuel Thiago

Trabalho de Campo

Com relação ao trabalho de campo de Malinowiski decidimos destacar o que foi relatado na sua obra Os Argonautas do pacífico ocidental. Pudemos constatar que a pesquisa teve a duração de seis anos (1914-1918) com alguns intervalos, sendo que foram dois anos no campo propriamente dito. Com este trabalho de campo Malinowiski quis revelar um progresso metodológico, como também superar os limites de pesquisas anteriores, além de apresentar seus resultados de maneira precisa.
Malinowiski pesquisou populações costeiras das ilhas do sul do oceano pacífico que eram hábeis navegadores e comerciantes. Dentre estes povos podemos destacar os papua-melanésios da Nova Guiné conhecidos por serem navegadores destemidos, comerciantes perspicazes e artesãos laboriosos. Neste trabalho de Malinowiski também podemos destacar as grandes canoas que eram de grande utilidade para as expedições comerciais a locais distantes, como também nas incursões de guerra ou conquistas.
Algo que nos chamou bastante atenção neste trabalho de Malinowiski foi o Kula, que é uma instituição muito grande e complexa, tanto na sua extensão geográfica como também na multiplicidade de propósitos envolvidos. Ele abrange um considerável número de tribos além de um vasto complexo de atividades interligadas e desenvolvidas uma dentro da outra, de modo a formar um todo orgânico. Aprendemos também que as grandes expedições ultramarinas constituem sem dúvida, a forma mais espetacular do Kula, como também possuem um número maior de cerimônias públicas, rituais mágicos e costumes tradicionais.
Já com relação a Radcliffe-Brown decidimos falar sobre o seu trabalho de campo no arquipélago Andaman da Birmânia que foi realizado entre 1906 e 1908. Podemos destacar que o autor foi fortemente influenciado por Émile Durkheim com relação ao conceito de função social, redefinindo o seu campo de investigação como a análise das sociedades primitivas dando uma nova orientação às formas de estudar essas sociedades.
Neste trabalho de campo de Brown são colocados em destaque a organização social; os costumes cerimoniais; as crenças religiosas e mágicas; os mitos e legendas; a interpretação das cerimônias, dos mitos e das lendas e a cultura técnica. Algo que nos chamou bastante atenção é a insistência na análise do teísmo Andamam e o significado dos seus rituais, que são definidos como uma divindade. Não são apenas histórias de vida, formas e tecnologias de trabalho, hierarquias e genealogias. O autor nos apresenta desde o princípio um agir materialista: a divindade não está fora da terra nem em todos os sítios e sim entre os seres humanos.

Aluno: Francisco Thalyson